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Foto do escritorLeonardo S. Paduan

OS DOIS LADOS DO MURO DE BERLIM

Atualizado: 1 de abr. de 2023


No dia 09 de novembro de 1989 ocorreu a queda do Muro de Berlim (Berlin Mauer – em alemão), ou seja, há exatos 28 anos atrás foi o fim da divisão física existente entre as duas Alemanhas (Ocidental e Oriental). A queda do Muro também foi um dos marcos importantes do fim da Guerra Fria.

O MURO

Construído na forma de um cerco que envolvia toda a parte ocidental da capital alemã, o muro de Berlim não apenas dividiu a cidade, como também foi um dos ícones da Guerra Fria. O muro recebeu inúmeros nomes e apelidos pelos alemães e berlinenses em especial: “Muro da Vergonha”, “Muro do Ulbricht” (por causa de Walter Ulbricht, líder comunista responsável pela construção do muro), “Muro de prisão”, “Muro de campo de concentração”, “Muralha de Gulag” (campo de prisioneiros soviético), “Muro da SED” (partido comunista que governava a Alemanha Oriental), “Muro das Lamentações”.


Foto Mapa de Berlim dividido com as bandeiras da URSS, França, EUA e Reino Unido

#PraCegoVer Imagem. Mapa de Berlim dividido ao meio. No lado esquerdo estão as bandeiras de França (topo), Reino Unido (Centro) e Estados Unidos (baixo), no lado esquerdo bandeira da Uniçao Soviética. Escrito Berlin na parte inferior do mapa.

Construção do Muro

Em agosto de 1961, com o acirramento da Guerra Fria e com a grande migração de berlinenses do lado oriental para o ocidental, o governo da Alemanha Oriental resolveu construir um muro dividindo os dois setores. Decretou também leis proibindo a passagem das pessoas para o setor ocidental da cidade. A construção iniciou em 13 de agosto de 1961, não respeitando casas, prédios ou ruas. Inúmeras pessoas tiveram de escolher, em questão de horas, se ficariam do lado comunista ou capitalista. Muitas famílias foram separadas da noite para o dia, por décadas.

Policiais e soldados da Alemanha Oriental impediam quem tentasse ultrapassar o muro. O muro chegou a ser reforçado por quatro vezes. Eram 43 km de fronteira fechada entre Berlim Ocidental e Oriental, no meio da cidade, com muro, cercas, torres e todo o aparato de segurança.

Outros 112 km cercavam Berlim Ocidental pela parte externa, para impedir o acesso por outros lados. A instalação mais de 300 torres, 20 bunkers e 259 recintos para cães de guarda. 127 km de cercas com detectores ajudavam a transformar Berlim Ocidental numa ilha à qual ninguém em volta podia ter acesso.

CHECKPOINTS

Havia oito passagens de fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental, o que permitia o trânsito de berlinenses ocidentais, alemães ocidentais, estrangeiros ocidentais e funcionários dos Aliados na Berlim Oriental, bem como as visitas de cidadãos da República Democrática Alemã e cidadãos de outros países socialistas na Berlim Ocidental, desde que possuíssem as permissões necessárias.

Essas passagens eram restritas às nacionalidades que possuíam autorização para usá-las (alemães do leste, os alemães oeste, berlinenses ocidentais, outros países). O mais famoso foi o ponto de verificação de pedestres na esquina da Friedrichstraße e Zimmerstraße, também conhecida como Checkpoint Charlie, que era limitada aos funcionários dos países Aliados e estrangeiros. Além de Charlie, haviam também o Checkpoint Alpha e Bravo.

O Checkpoint Charlie se tornou um símbolo da Guerra Fria, representando a separação do leste e oeste e hoje é um ponto turístico de Berlim. Após a queda do muro e a reunificação da Alemanha o posto foi removido em junho de 1990 e a cabine original onde ficava o guarda foi removida. No ano de 2000, entretanto uma reprodução da cabine foi colocada no mesmo local onde se encontrava a original. No local é possível carimbar o passaporte com os carimbos das antigas Alemanhas.

#Pracegover Foto. Rua de Berlim. Algumas pessoas passando. Ao fundo CheckPoint Charlie (Cabine com soldado na frente) No lado esquerdo prédios, entre eles o MauerMuseum (Museu do Muro)

A QUEDA

Em 1989, pressões e protestos começaram a ser realizados pela população alemã de ambos os lados, a fim de que fosse feita a reunificação do país. No dia 9 de novembro de 1989, Egon Krenz, sucessor de Honecker e secretário-geral da SED e mandatário da Alemanha Oriental na época, depois que ficou definido que o Muro iria mesmo cair, passou a um funcionário chamado Günter Schabowski as informações sobre como seria a abertura de fronteira.

Existe uma versão da história, que afirma que ocorreu uma falha na comunicação entre Krenz e Schabowisk, provocando um equívoco durante a coletiva de imprensa, visto que a medida seria adotada para o dia seguinte. Quando estava ao vivo na TV falando que a fronteira seria aberta, Schabowski foi perguntado por um jornalista qual seria a data da abertura. Logo, o porta voz respondeu que valeria a partir daquele momento. A resposta da população foi imediata. Minutos depois já havia gente na fronteira querendo passar.

Cidadãos das duas partes de Berlim, munidos de machados, martelos e marretas, puseram abaixo várias partes do longo muro. Isso, no entanto não foi suficiente para dar um fim à extensa instalação. Foi necessário um ano inteiro de obras para remover os 45 mil elementos de concreto e demais sistemas de proteção, permitindo a reabertura de mais de cem ruas que haviam sido bloqueadas. No ano seguinte, houve a reunificação do país.

O MURO ATUALMENTE

As marcas do Muro de Berlim, além de estarem ainda no coração dos alemães e na história do país e mundial, podem ser encontrados por várias partes da capital da Alemanha. Do Checkpoint Charlie até a Potsdamer Platz (uma importante praça e interseção de tráfego no centro de Berlim), há vários segmentos do muro. Há fragmentos do muro de Berlim próximo de uma das entradas do metrô da estação Potsdamer Platz. A cerca de 700 metros do local, encontra-se também um trecho longo do muro, onde ocorre a exposição “Topografia do Terror”.


#Pracegover Foto. Fragmentos do muro de Berlim expostos lado a lado, com painéis com informações entre um fragmento e outro. Na frente um homem passando e apontando para a exposição. Muro em preto e branco e resto da foto em cores.

Além disto tem o East Side Gallery, uma galeria de arte a céu aberto com uma extensão de um pouco mais de 1.316m, sendo considerada a mais longa galeria de arte a céu aberto do mundo. Ela está localizada no lado leste do antigo muro de Berlim que foi preservado da demolição.

Já o Memorial do Muro de Berlim retrata a história do Muro. O memorial possui uma parte externa que é o próprio memorial e uma parte interna, que é o Centro de Documentação, que dá mais detalhes sobre os acontecimentos, construção e história do muro. Ele fica na rua Bernauer Straße, que da noite pro dia foi dividida ao meio pela barreira e os moradores não podiam mais atravessá-la. Também existe o Museu do Muro (Mauermuseum) que fica bem ao lado do CheckPoint Charlie. Quando estiver andando pelas ruas de Berlim, fique atento para umas marcas no chão. Algumas são placas metálicas com a escrita “Berliner Mauer – 1961 -1989", sinalizando que por ali passava o muro. Ou senão, simplesmente traçados com pedras marcando por onde passava o muro. Além disso, em várias lojas de souvenirs encontram-se supostos pedaços do Muro a venda. Mas, lembrando “supostos”, então cuidado para não comprar um pedaço de pedra qualquer, pensando ser algo histórico.

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