**Sugestão: Playlist no Spotify da Suíça
A primeiro confronto da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2018 será contra a Suíça. Vamos conhecer um pouco mais do nosso primeiro adversário no Mundial? A Suíça é um pequeno país situado no centro da Europa com uma grande diversidade cultural. No país existem quatro idiomas diferentes, sendo três oficias: o alemão (maioria), o francês, o italiano. O outro idioma é o romanche. A Suíça é rica em belas paisagens com lagos e montanhas com neve. Os alpes suíços são marcas registrada do país, assim como o chocolate e os relógios.
#Pracegover: Foto. Ao fundo montanhas com neve, em primeiro plano um lago, nas margens vegetação verde rasteira. Com uma marca d'água na foto inteira com a bandeira da Suiça. Bandeira vermelha com uma cruz branca no centro.
A SUÍÇA DA PATRICIA
Vamos conhecer um pouco mais do país, por meio do olhar de uma brasileira: Patricia Almeida, funcionária do Itamaraty já mora há 4 anos na Suíça. A brasileira é jornalista, mestranda em Estudos da Deficiência pela City University of New York, criadora da agência de notícias Inclusive – Inclusão e Cidadania, da Gadim (Global Alliance for Disability in Media and Entertainment), Gadim Brasil (Aliança para a Inclusão de Pessoas com Deficiência na Mídia) e membro do ODIMÍDIA (Observatório da Diversidade na Mídia). "Já estou na Suíça há mais de 4 anos, trabalho no consulado brasileiro no país. Devo ficar mais um ano e voltar para Brasília", contou.
#Pracegover: Em primeiro plano no centro da foto rosto de uma mulher (Patricia), com capecete de bicicleta e óculos escuros. Atrás dela um campo de girassois.
CIDADES:
Patricia mora em Genebra. De acordo com ela a cidade é bastante pacata e tem uma ótima qualidade de vida. "(Genebra) é uma cidade média, com cerca de 200 mil habitantes, mas onde há tudo. Gosto da praticidade, o transporte que funciona e sem dúvida a tranquilidade. Raramente há problemas de violência. A vida aqui é sem stress. Os suíços, em geral, são tranquilos, não chegam a ser efusivos, tampouco costumam ser hostis", comenta.", destacou.
Genebra é considerada a "Capital da Paz" por ser a cidade sede do Conselho de Direitos da ONU, OMS - Organização Mundial da Saúde, OIT, Organização Internacional do Trabalho, OMC - Organização Mundial do Comércio e onde está a Cruz Vermelha. Estas organizações fazem com que a cidade seja bastante cosmopolita. "Genebra é uma cidade peculiar, em que 40% da população é estrangeira e há uma forte imigração portuguesa, portanto a gente fala mais português do que inglês na rua", afirmou Patricia.
#Pracegover: Foto. Genebra. No fundo algumas montanhas. Em primeiro plano pedaço de chão cheio de neve, na frente de um rio com algumas pequenas embarcações.
Ao longo dos 4 anos morando no país, a brasileira visitou várias cidades suíças. "O país é lindo em qualquer época do ano. Tem montanhas geladas e belos lagos. Tem um passeio lindo que é o expresso glacial, um trem com teto panorâmico que atravessa os Alpes. Minhas cidades preferidas foram Zurique, Lucerna, Gruyere, Friburgo, Gstaad, Zermat e St. Moritz. O transporte é acessível, especialmente os trens. Contudo, tudo é muito caro" ressaltou.
Zurique: Localizada ao norte da Suíça, fica próxima a fronteira com a Alemanha. É a maior cidade do país com cerca de 400 mil habitantes. Na cidade o idioma é o alemão. Zurique possui bons museus e parques para conhecer. Além de passeios de barco pelo lago e rio que banham a cidade.
#Pracegover: Foto de Zurique. Foto de um rio. Na margem da frente cheio de prédios pequenos de 3 a 5 andares.
Lucerna: É uma pequena cidade com menos de 100 mil habitantes. É considerada uma das mais belas cidades da Suíça. Um dos pontos turísticos mais famosos da cidade é uma ponte de madeira que leva até uma torre no meio da água.
#Pracegover: Foto. Ponte de madeira. Na borda da ponte várias jarros com flores. Algumas pessoas em cima da ponte. abaixo da ponte rio.
ESTRUTURA TURÍSTICA
A estrutura turística recebeu elogios da brasileira. "As coisas não são luxuosas – é um povo protestante que não tem interesse em ostentar. Mas tudo funciona, é limpo e confortável. As informações estão sempre nas três línguas oficiais – francês, alemão e italiano. Além destas, existe uma quarta língua na Suíça, o Romanche. Para usar o transporte público e trens você pode baixar o aplicativo no celular. Quase todos os lugares aceitam cartão de crédito.
DICAS DA PATRICIA
Prepare-se para gastar – Um simples café pode custar US$ 5,00. Um bilhete de transporte público válido por uma hora custa US$ 7,00.
Ande na linha – Na Suíça todo mundo está sempre de olho em você. "Esses dias a placa do meu carro caiu e fizeram uma denúncia a polícia que veio perguntar por que meu carro estava sem placa", contou.
Tudo fecha cedo - "Um dos grandes problemas, especialmente para nós brasileiros, é o horário de abertura de restaurantes e comércio, que fecham cedo. Como a mão de obra aqui é caríssima (salário minimo de US$ 20 a hora), nada funciona no domingo, onde o pagamento tem que ser em dobro. Aqui em Genebra tem uns três ou quatro só que abrem", relata.
Comer: fondue de queijo e chocolate de Ovomaltine, o preferido da Patricia.
#Pracegover: Foto de um panela de fondue
DIFERENÇAS BRASIL X SUÍÇA
Além de afirmar que os suíços são mais tranquilos e menos efusivos que os brasileiros, nossa entrevista destacou para o sistema político no país. Na Suíça o sistema é a democracia direta, ou seja, o eleitor tem a possibilidade de participar diretamente em decisões tomadas pelo Parlamento. "Eles têm referendo para tudo - para novas leis ou emendar antigas, para construção de pontes, estradas, para aprovação de orçamento. Qualquer cidadão suíço tem o direito de propor uma nova legislação com o lançamento de uma iniciativa. Normalmente as iniciativas vêm de grupos de interesse. Caso consigam recolher pelo menos 100.000 assinaturas em apoio à proposta, ela deve ser submetida a uma votação a nível nacional", explica.
EXPECTATIVA X REALIDADE
Apesar de ser um país de "primeiro mundo", a brasileira apontou algumas falhas na Suíça. "Minha grande decepção com a país foi com relação ao sistema de educação, que, para minha surpresa, descobri que ainda segrega os estudantes com deficiência. Apesar de ter internalizado a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência a inclusão escolar aqui ainda está longe de chegar", apontou.
Patricia explica que esta segregação causou grandes problemas, tendo em vista que sua filha mais nova, de 13 anos, tem síndrome de Down. "Minha filha sempre estudou em escolas regulares (o Brasil e Estados Unidos, onde moramos anteriormente), foi recusada em todas as escolas aqui, públicas, privadas, bilíngues ou não. A maioria sem nem vê-la. O sistema público de saúde deu como única opção uma escola especial, onde ela passou um ano e desaprendeu muito do que tinha adquirido antes. Digamos que ela ainda aprendeu a “ser mais deficiente” com os colegas e professoras que a tratavam como um bebê. Acabamos a tirando da escola. Agora ela tem aulas num centro terapêutico particular, onde aprendeu a ler em francês. Para que tenha contato com outras crianças, a matriculamos em atividades como capoeira, ginástica olímpica e um centro de lazer comunitário. Mas mesmo isso foi difícil de conseguir", relatou.
#Pracegover: Foto. Na esquerda mulher(Patrícia), na direita uma menina (sua filha Amanda).
Segundo a brasileira, essa questão da educação Suíça ocorre por conta de que as associações de pessoas com deficiência são mantidas com dinheiro do Estado. "As crianças com deficiência aos 18 anos passam a ser tuteladas pelo Estado. As famílias perdem o direito. Muitas vão morar em residências mas ficam longe de suas famílias e de sua comunidade. Não são maltratados e parecem ter uma vida confortável. As crianças trabalham em oficinas protegidas, fazendo os mesmos serviços repetitivos ano atrás de ano, fazem passeios todos juntos de vez em quando. Todavia, é tudo muito limitado, sem possibilidade de escolha", informa.
Patricia ainda ressalta que todos os pais de pessoas com deficiência que conheceu são muito passivos com a situação. "Eles acham que o Estado está fazendo o melhor para seus filhos, quando inúmeras pesquisas mostram que não. O que aprendi é que a inclusão não é só um problema de recursos. Dinheiro aqui não falta. É muito mais uma questão de vontade política. E de pressão da sociedade para que ela aconteça", constatou.
QUESTÕES SOCIAIS
ACESSIBILIDADE: De acordo com a brasileira o país está bastante avançado com relação a acessibilidade, porém algumas melhorias ainda precisam ser realizadas. "Os centros das cidades são bastante acessíveis. O transporte público é adaptado, sejam os ônibus ou trens. Já rampa de acesso no comércio e banheiros acessíveis, varia", comentou.
MACHISMO: A brasileira afirma que o machismo na Suíça acontece de forma velada. "Embora não pareça os suíços são muito conservadores. As mulheres costumam parar de trabalhar quando têm filhos e quando voltam trabalham meio expediente. É incrível, mas as mulheres só conseguiram direito ao voto na Suíça em em 1971! Em Genebra isso não se nota muito por ser sede de muitas organizações internacionais,porém, outras cidades são mais conservadoras", relatou.
PRECONCEITOS: Segundo Patrícia preconceitos como homofobia e racismo nas cidades grandes não é tão notado, mas certamente ele existe. Já com relação ao imigrante ela afirma que eles tem uma "função social". "Os estrangeiros são vistos como úteis, já que a população suíça está envelhecendo e muitos jovens deixam o país. Imigrantes indocumentados prestam serviços que os suíços não querem como limpeza, cuidados com crianças e idosos", informou.
P.S. Em junho teremos uma nova entrevista com a Patricia aqui no site. Ela irá falar sobre a GADIM (Aliança Global para Inclusão das Pessoas com Deficiência na Mídia e Entretenimento). Aguarde! Enquanto isso, se você quiser conhecer um pouco mais da GADIM entre no site aqui.
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